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Problemas de infra-estrutura que afetam a logística portuária

 

 

O Centro de Estudos em Logística – COPPEAD/UFRJ, em pesquisa realizada junto a exportadores, importadores e outros usuários dos portos organizados brasileiros levantou seis variáveis relacionadas com infraestrutura que atuam de forma negativa sobre a logística portuária.

 

Os comentários que serão efetuados se referem às condições infraestruturais nos estados nordestidos e como elas afetam o movimento portuário da região. A primeira variável é a infraestrutura rodoviária de escoamento.

 

As rodovias federais nos estados nordestinos vêm passando por um processo contínuo de recuperação e modernização. Compreende-se como modernização a duplicação de seus leitos e a qualidade do material recebido na via nova ou reconstruída. Recuperação são os serviços de conserto de trechos deteriorados em rodovias já existentes, sem mudanças de rota ou do material preexistente. Verifica-se que os novos trechos construídos e reconstruídos com duplicação e mudança de trajeto, têm contribuído para redução do tempo, do risco e da confiabilidade no escoamento de mercadorias dos portos e para eles. Por outro lado, os serviços de recuperação, muitos deles, de caráter emergencial, em nada têm contribuído, mantendo, de forma prolongada, velhos problemas, concorrendo para o amento do tempo por quilômetro percorrido, dos riscos com quebra de veículos e acidentes, bem como para a confiabilidade nos serviços de transporte.

posições relativas a bordo

A mesma situação de reconstrução e modernização não se verifica nas rodovias estaduais. Estas, em todos os estados, na maior parte dos trechos carecem de serviços de reconstrução e recuperação. Além da qualidade inferior dos leitos, os transportadores se defrontam com buracos, falta de acostamento e sinalização, serviços de apoio e informação.

 

A produção e circulação de mercadorias, na região nordeste, tem aumentado mais do que no restante do País. É uma situação para que ocorra mais investimento em rodovias estaduais e municipais, para proporcionar melhor escoamento da produção local, destinada aos centros consumidores e à exportação para outros países.

 

A segunda variável é a infraestrutura ferroviária de escoamento. O processo de falta de investimentos e de abandono, pelo qual passou a ferrovia, afetou em larga escala suas operações na região nordeste.

A privatização e novos projetos públicos de infraestrutura ainda não colocaram este modal de transporte compatível com as crescentes necessidades regionais.

 

Os leitos e os equipamentos ferroviários são obsoletos, o que imprime baixa velocidade e deficiências em integração. Muitos ramais e estações de serviços foram desativados e fechados há décadas. As invasões das áreas às margens das ferrovias aumentaram os riscos com acidentes. Esta situação reduz muito o volume de carga transportada por ferrovia, em virtude da capacidade operacional, cuja imagem negativa vai precisar de um grande esforço de marketing institucional para recuperar a confiabilidade dos usuários.

 

O grande projeto ferroviário para a parte do nordeste ocidental é a Transnordestina. Para a Paraíba há necessidade de que seu trajeto venha alcançar seu território para que possamos escoar a produção de frutos das Várzeas de Sousa e, agora também do algodão, após a bem sucedida experiência de plantio e colheita mecanizada. Apresenta-se como potencialidades da região sertaneja, o incremento na produção de mel de abelha (São João do Rio do Peixe, Aparecida, Catolé do Rocha, Riacho dos Cavalos etc) e carne ovina (Pombal, Condado, Patos, São Mamede, Santa Luzia etc). Além disso, os produtos têxteis de São Bento, Paulista e Itaporanga. 

 

 A terceira variável é a infraestrutura hidroviária de escoamento. Com relação a esta variável deve-se ressaltar que devido aos sucessivos barramentos dos principais rios paraibanos (Paraíba do Norte, Mamanguape e Peixe-Piranhas) não existem mais condições técnicas, na atualidade, de escoamento por hidrovia. A convivência com o semiárido, tanto para atender o abastecimento urbano das cidades, como para permitir a utilização da água nas atividades agrícolas e pecuárias, levou a que em sucessivos períodos fossem realizados a construção de açudes públicos e privados que atendem a população humana, animais e cultivo de plantas, serviços industriais e comerciais.

 

Em outros estados nordestinos, como Maranhão, Bahia e Pernambuco, permitem a utilização de hidrovias. Em Sobradinho, a hidroelétrica da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) conta com uma eclusa para viabilizar a navegação. O trecho Pirapora-Juazeiro-Petrolina é uma hidrovia comercial e de finalidades turísticas, atravessando o Vale do Rio São Francisco com suas belas paisagens das áreas ribeirinhas habitadas. Essas hidrovias apresentam potencialidades econômicas para escoar a produção regional.

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Autor: Professor D.Sc. Paulo Francisco Galvão

Leciona no Instituto Federal da Paraíba na área de Gestão Portuária

 

Eclusa do Rio São Francisco em Sobradinho / BA. Fonte: Turismo Adaptado

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