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Ano de 2014

 

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Mês 03 de 1977, bordo do Ntr T Ary Parreiras, comissão Europa - civil/militar, local: travessia sobre o Golfo da Biscaia, horário 00:30h. Havia eu, saído de serviço de auxiliar na praça de caldeiras no horário de 21:00 às 24:00h. Durante todo o dia o tempo esteve fechado, ondas enormes varriam todo o convés principal, espardeck e tijupá, não havia quase trânsito externo nos convés e a recomendação para que evitássemos a circulação. Para ré utilizavam o túnel do êixo que ligava meio navio as cobertas dos SGs, CBs, MNs, refeitório e sanitários da guarnição. Eu e mais 17 MN-QS habitávamos uma coberta de tropas AV, dividiámos com um grupo de 1º e 2ºSgs por não haver instalação suficiente para todos. Nós MNs éramos recém embarcados, tínhamos acabado de jurar bandeira na EAM-PE e fomos privilegiados com essa viagem para o exterior. O navio tinha um mestre MR, o 1º SG-MR Vivaldo, um afro-descendente de peso, com uns 1,90m de altura e parecia um armário, gente boa o sargento. Como já citado, o mar estava bravo e foi improvisado um cordão de isolamento feito com cabo de cisal, creio que de 1/2", afastando da borda viva uns 80 cm e servindo como corrimão para o acesso a coberta de vante onde habitávamos. Alguns sargentos evitavam o acesso para a coberta, dormindo no cassino, nós marinheiros tínhamos que utilizar a coberta porque os nossos pertences estavam lá ainda nos sacos. Eu então cansado do pau de 21:00 às 00:00h, praça de máquinas não é mole e boy embarcado sofre, subi para o convés principal interno e tinha que me limpar, fazer a higiene do corpo para em seguida dormir amarrado no beliche como costumávamos fazer naqueles dias. O navio estava carregado, abarrotado de trecos, era carga de polímeros da Basf, carga de café em grãos e tantas outras coisas fretadas para o navio. Íamos em busca de munição e armamentos para as fragatas tipo Niterói construídas no AMRJ. Cheguei perto da porta de acesso ao convés, olhei através do visor de vidro e não via nada do outro lado devido a escuridão, só sentia o balanço do navio que adernava até a água invadir o convés e ouvia o barulho das águas quebrando lá fora. Fiquei imaginando o que eu faria, pensei: estava a BE e quando o navio jogasse para BB eu abriria a porta e aguardaria o retorno da adernagem que levaria a pesada porta para o canto de fora, tudo bem, fiz. O navio adernou novamente para BE levando a porta até o canto de fora. Na altura da porta havia uma portinhola onde era colocada a prancha de acesso de tropas ao navio, essa portinhola estava aberta, batendo de um lado para o outro e eu só percebi quando pulei para o lado de fora e tentei me equilibrar na borda do navio que não achei, mas como tenho os braços compridos consegui me equilibrar nos cantos das portinholas, imaginem o desespero que tomou conta de mim, momento em que senti um golpe forte na parte traseira do meu pescoço e me puxou pelo colarinho de uma só vez e me jogou para dentro da parte coberta do navio e em seguida só ouvi broncas iradas do sargento que acabar de me salvar de um mergulho em águas de baixa temperatura e bravias àquelas horas da noite, seria o fim da viagem para o MN-QSM-Moreira que graças ao SG-MR Vivaldo está aqui hoje contando essa aventura que quase teve outro final. Um BRAVO ZULU para o SG Vivaldo, ah, ele também é baiano, assim que nem eu.

 

 

Luiz Alberto Moreira Santos

 

Ex. CB-CA 76338436 Moreira

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Navegando da bacia petrolífera de Santos-SP para o porto do Rio de Janeiro-RJ, as 16:40min. próximo à Lat: 25º37'.754 com Long: 043º 09'.045, com condições de mar e força 07/08, com carga no convés, peadas, ao rumo verd. 357º/000º, visibilidade em torno de +- 20%, no piloto automatico, dois marinheiros de vigia, e eu comte carlos, na espectativa de qualquer coisa podendo acontecer, e em meados da viagem, acontece da o pior - com os banços da embarcação - a cinta para carga de 10tons, rompe deixando a carga solta no convés. Só percebemos tal cituação quando a carga correu de um bordo para o outro deixando a embarcação adernada para o bordo. Pedi para o marinheiro dar uma olhada, do passadiço mesmo, ele me olhou e disse: comandante, a carga vai cair no mar! Rapidamente parei a embarcação e fui avaliar a cituação. Passamos algumas horas trabalhando na peação até chegarmo ao porto. Foi uma cituação muito perigosa, chegando a deixar a ambarcação com mais do normal com banda. Mas graças a DEUS. chegamos ao porto bem e com mar moderado.

 

 

Antonio Carlos

 

 

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Cartas achadas ao Mar Cachoeiro de Itapemirim – Cidade Secreta do Mundo - Janeiro de 2011. Histórias que Felipe conta. . . O texto abaixo foi resgatado pelo meu tio avô, Felipe de Mello, irmão de Vovô Júlio Rodrigues de Mello, pai de Aumyr Mello, meu papai, e quem vos escreve sou eu Aumyr Mello Junior (Aumyrzinho). Tio Felipe conta em uma de suas histórias de quando pescava, em um Domingo de março de 1971, em seu barco o “Cruzeiro do Sul” nas cores azul-céu, em alto mar, tomando com referências as coordenadas: Serra do Forno grande e o falso pico do Itabira de Campos/RJ, há duas horas de mar adentro em um pesqueiro chamado Esmola, ele e mais dois amigos, Carlos Silva e Dr. Edson Moreira, em seu barco. Felipe, na popa junto ao motor, um Penta 12 HP à gasolina e os amigos nos bancos à frente; barco ancorado em lugar desejado, contra o sentido da maré. Em dado momento a sua esquerda ele avista certo brilho estranho. Pensou serem peixes vindos à tona, pois o lugar é um bom pesqueiro. A coisa estranha, ao mesmo sentido da maré, veio em sua direção. Quando chegou próximo, ele pode pegá-la e viu que se tratava de uma garrafa de bebida. O pessoal chegou a iniciar uma festa pela bebida, mas na garrafa encontrava-se outra coisa dentro: um pano, talvez um mapa, um papel. Para não estragar a pescaria, Felipe guardou-a em sua bolsa e só a abriu quando chegou em sua casa. À princípio tratava-se de uma garrafa de bebida. Com o que restava do rótulo e gravado em alto relevo, pode decifrar a palavra "Gime". Dentro um papel enrolado e solto com um lacre na rolha, daqueles vermelhos das cartas da realeza com as três iniciais das quais ele hoje não se lembra mais. Na tentativa de abrir, o lacre veio a se quebrar e ele não teve o cuidado de anotar ou guardar os pedaços. Teve muita dificuldade para tirar o papel de dentro da garrafa, pois fora colocado enrolado e com o tempo se abriu, ocupando o formato da garrafa. Para não estragar o tesouro, teve que criar uma peça apropriada para pinçar o papel e com muito cuidado enrolar novamente trazendo-o até a boca da garrafa para assim poder descobrir de fato o seu tesouro. Deparou-se com um texto estranho, uma língua que ele não sabia. Perguntando aos amigos chegou-se à conclusão de que se tratava de alemão. Procurou o único alemão em Cachoeiro à época. Dr. Hans tinha uma casa de motores elétrico na Siqueira Lima. Em uma visita à residência do amigo, pediu para traduzir o texto. Felipe foi anotando o que o Hans falava com o sotaque peculiar de alemão e o entendimento e interpretação que possuía. Assim está escrito. . . “Um Amigo Sincero É tão bom, Senhor, encontrar um amigo que fale comigo do Vosso amor! É tão bom, Senhor, ter um amigo que seja comigo um lenitivo na dor! É tão bom, Senhor, viver em amizade e mesmo sentir saudade do amigo que só merece louvor. É tão bom, Senhor. É tão bom, Senhor, um amigo, ter com ele, viver e com ele se encontrar para falar de vós e de nós. É tão bom, Senhor, a um Amigo confiar e nele depositar minhas lágrimas e meus amores, meus sorrisos e minhas dores. É tão bom, Senhor, de um amigo receber e mesmo para mim ele ser afeto de compreensão e apoio, complemento da minha vida. É tão bom, Senhor. É tão bom um amigo sentir ao meu lado, pois assim não me vejo abandonado. Sinto-me ao contrário reforçado e revigorado para lutar e vencer e não desistir frente ao meu próprio enfraquecimento. Senhor, eu bem sei que errei quando julguei que vós me abandonastes vós não me abandonastes. Agora vos reconheço embora saiba que não mereço em cada amigo que me destes e em cada deles pusestes todo vosso amor por mim. Que eu saiba sempre ver assim. Só pode haver amizade quando houver sinceridade entre nós e vós, sem traição de nossos corações, sem falsidade a nossa amizade. Sim, Senhor, é tão bom ter um amigo que vos peço e imploro, suplico e choro. Senhor, não me abandonai. Eu conto com vós. Autora ...Lorena”

 

 

Aumyr Mello Junior

 

 

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